“Viúva virgem entra na sala”.Era ela.
“Gato maluco entra na sala”.
Era ele.
-Viúva virgem?! Me explica isso!
-Ah, há, há, há... é só um apelido!
-Ainda bem...de onde você é e qual é sua idade?
E ela contou.
- Tenho cinquentinha, sou de Amparo, SP.
-Tenho 55 sou de Assis, Também SP.
O papo rendeu.
Todas as noites, ao voltar do trabalho, ela corria pro site.
Tava viciada. Começou a embarcar nos devaneios, acreditava em tudo que ele dizia, até quando ficava evidente que ele estava inventando.
Um dia, bateu o ciúme, esse monstro de olhos verdes.
Ao se despedir dele, zonza de sono, resolveu entrar de novo.
Trocou o apelido para “gatinha sensual”.
O infeliz nem tinha saído, nem se dera ao cuidado de trocar de nick, tava lá, belo e fogoso.
Ela atiçou:
-Olá, vamos conversar?
-Vamos ,claro. Sua idadezinha, querida?
-Vinte e oito e você?
-Eu trinta.
A cada nova mensagem, mais ódio ela sentia. O desgraçado, cada vez mais, se mostrava como era.Um traíra cafajeste.
Pediu para ser seu namorado virtual. Ela de raiva, aceitou. Queria apenas se vingar e não aparecer no dia seguinte.
Mas que nada! No outro dia, assim como ele, também ela apareceu pontualmente.
Quanto ao “outro”, o de 55 anos, ela parou de “ver”.
Um dia perguntou ao “novo”, o de 30 anos, se já tivera algum namoro virtual.
Ele respondeu, cândido:
- Não... Nunca tive nada sério. Estou decepcionado com as mulheres.Elas só querem sexo!
Ah!!!!! Desgraçado, desgraçado, desgraçado! E as promessas de amor eterno? Eu vou matar esse peste!
Mas ao mesmo tempo em que se sentia traída,enganada pelo antigo amor, começou a gostar mais ‘desse”.
Incrível, ele, quando se fazia passar por jovem, se soltava, parecia um menino feliz. Positivamente, ela gostava mais “desse”.
Teclaram uns três meses assim. Então ele começou a parecer meio distante, não era mais o cara alegre e espirituoso de sempre, faltava aos encontros nas salas, ou entrava com apelidos estranhos.
Quando viu que a coisa já havia dado tudo que podia render, ela também puxou o carro.
Um dia ela resolveu inovar e entrou no chat passando-se por um garoto de vinte anos, universitário e riquinho. Disse que já havia morado no exterior, mais precisamente na Espanha, (por causa do idioma, seria mais fácil imitar, se ele pedisse provas de que ela falava espanhol).
Ele também veio àquela tarde usando um apelido novinho em folha, agora dizia-se um homem de quarenta anos, rico, viajado, mas que adorava meninos.
Foi logo perguntando: Será que eles poderiam levar um papo?
Mas ela depressa descobriu a maracutaia.
Não adiantava, os dois haviam teclado por mais de um ano, todas as noites. Ela conhecia exatamente o jeito dele escrever, os maneirismos, as piadinhas, até os pequenos erros de português que ele deixava escapar ela já sabia quais eram.
Parecia até que conhecia o sujeito por dentro, ela o via como se ele estivesse numa máquina de raio x.
Ela, que havia entrado com o apelido “Menino de short curto” ficou louca da vida! Então quer dizer que o safado topava tudo?
“Agora ele me paga - ela pensou - Vou dizer que sou mulher, que sei que ele é ele “
Já estava prestes a mandar a mensagem, quando parou e refletiu:
Afinal, o que ela iria desmascarar? Quem de fato era aquela pessoa? Qual seria a sua idade real? E a sua realidade, qual era? Qual, de fato, seria o seu verdadeiro sexo? E se ele fosse também uma mulher?
Deu de ombros e apagou a mensagem já digitada. Ao invés disso, digitou outra, na qual escreveu:
-Claro que podemos nos conhecer melhor...lá em Madri, onde papai era diplomata, eu tive vários casos com rapazes mais velhos...
Pronto! Mandou a mensagem.
Agora era esperar para ver no que ia dar.
Não se sentia mais traída nem enganada.
Afinal de contas, de um jeito ou de outro, era para ela que ele sempre voltava!
* * *
Os direitos autorais deste conto pertencem a Maria das Neves A. Braga. Publicado com exclusividade no blog “Antenados” . Se copiar, por favor repasse com os devidos créditos.
Obrigada.
Março/2009










a bondade que dedicariam a qualquer irmão.Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção de terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem a noite e extrai da terra aquilo que necessita. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga, e quando ele a conquista, prossegue seu caminho. Deixa pra trás os túmulos de seus antepassados e não se incomoda.Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa. A sepultura de seu pai e os direitos de seus filhos são esquecidos. Trata sua mãe, a Terra, e seu irmão, o céu, como coisas que possam ser compradas, saqueadas, vendidas como carneiros ou enfeites coloridos. Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto.Eu não sei, nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de suas cidades fere os olhos do homem vermelho. Talvez seja porque o homem vermelho é um selvagem e não compreenda.Não há um lugar quieto nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o desabrochar de folhas a primavera ou o bater das asas de um inseto. Mas talvez seja porque eu sou um selvagem e não compreendo. O ruído parece somente insultar os ouvidos.E o que resta da vida se um homem não pode ouvir um choro solitário de uma ave ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa, a noite? eu sou um homem vermelho e não compreendo. O índio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o próprio vento, limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros.O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro - o animal, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo sopro. Parece que o homem branco não sente o ar que respira. Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao mau cheiro.
Mas se vendermos nossa terra ao homem branco, ele deve lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar compartilha seu espírito com toda vida que mantém.O vento que deu a nosso avô seu primeiro inspirar também recebi seu último suspiro. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem mantê-la intacta e sagrada, como um lugar onde até mesmo o homem branco possa ir saborear o vento açucarado pelas flores dos prados.Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra como seus irmãos. Sou um selvagem é não compreendo qualquer outra forma de agir. Vi um milhar de búfalos apodrecendo na planície, abandonados pelo homem branco que os alvejou de um trem ao passar.
Eu sou um selvagem e não compreendo como é que o fumegante cavalo de ferro pode ser mais importante que o búfalo, que sacrificamos somente para permanecer vivos.O que é o homem sem os animais? Se todos os animais se fossem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Pois o que ocorre com os animais, breve acontece com o homem. Há uma ligação em tudo.Vocês devem ensinar as suas crianças que o solo a seus pés, é a cinza de nossos avós. Para que respeitem a terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com as vidas de nosso povo. Ensinem as suas crianças, o que ensinamos as nossas, que a terra é nossa mãe. Tudo que acontecer a Terra, acontecerá aos seus filhos da Terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos.Isto sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem pertence à Terra.Isto sabemos: todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família. Há uma ligação em tudo. O que ocorrer com a Terra recairá sobre os filhos da Terra. O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo.Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente, iluminados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e por alguma razão especial lhes deu o domínio sobre a terra e sobre o homem vermelho. Este destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos bravios sejam todos domados, os recantos secretos da floresta densa impregnados do cheiro de muitos homens, e a visão dos morros obstruída por fios que falam.Onde está o arvoredo? Desapareceu.Onde está a águia? Desapareceu.É o final da vida e o início da sobrevivência.
















Automaticamente contribuímos para o lixo do mundo. Às vezes penso que isso ocorre diante da imensidão do planeta Terra, pois na maioria das vezes o lixo é jogado em lugares afastados de nós, assim predomina “ os que os olhos não vê o coração não sente”. Isso de fato, longe de nós os lixões vão crescendo cada vez mais. Mas, nem tão longe o lixo tem se alojado, muitos rios nos centros urbanos estão poluídos, o que era para ser algo belo para agradar o ambiente, torna-se algo feio. Com isso os rios em centros urbanos tornam-se vilões quando na verdade são vítimas, afogadas pelas mãos humanas. O que fazer? Gastar, consumir e poluir ainda mais! Irônico, porém, real.
